segunda-feira, 7 de agosto de 2006

Em Resposta ao Missivista

A análise da situação que vive o Estado do Rio de Janeiro, mais especificamente sobre determinadas áreas e espaços cuja violência perpetrada por grupos criminosos, transformam-nas em “territórios de livre ação do narcotráfico”, é feita a partir de dados factuais; aceitos, até, por grupos e indivíduos francamente contrários aos modelos de atuação policial, hoje praticados no Estado. Esclarecendo: afirmo que mesmo esses grupos, que alardeiam (e discordamos) estar a ação policial voltada contra grupos raciais (pardos e negros) e contra camadas desfavorecidas da população (população pobre das favelas), curvam-se diante do irrefutável argumento, exposto por provas, que o narcotráfico se para-militarizou em vários aspectos, quais sejam: no uso de armas de guerra e seu emprego tático; na utilização de petrechos (rádios transceptores, granadas defensivas e ofensivas etc), nas estratégias de ocupação do terreno e no desenvolvimento de ideário etnocêntrico. Ora, é claro que mesmo se tratando apenas de banditismo desenfreado, sem ideologia revolucionária com vistas a tomada do poder, medidas inócuas de segurança não promoverão os efeitos desejados de controle das áreas, com resgate de monopólio estatal do uso de armas, em favor da segurança das populações. Para reverter tal quadro, é preciso encarar o desafio. Embora com respeito aos pensadores das ciências sociais, contemporâneos ou históricos, como o que o missivista citou, há fatos que solicitam análise e interpretação definitivamente realistas. Weber, Foucault, Gerzt, Da Matta, todos podem trazer reflexões com alguma contribuição, mas nada além do que seus pontos de vista; observações assentadas no que acreditavam (no caso dos que já não vivem), ou que acreditam (os que ainda transitam entre nós), que lhes permitem conclusões que importem não abrir mão de suas ideologias e idiossincrasias. Assim, respeitando vossa opinião, reafirmo a necessidade da interpretação dos fatos a partir do grau de intensidade, marcadamente extrapolicial-comum no conceito conhecido e aceito pela maioria dos países, requerendo ação que lhe supere, seja por forças policiais de investidura civil ou militar.