Finalmente a dor policial-militar foi motivo de notícia.
É verdade que como fato diário os meios de comunicação, principalmente os jornais impressos, veiculam eventos que envolvem policiais militares e policiais civis como vítimas.
A espetacularização da violência é uma estratégia segura para atração de leitores, e os jornais não podem deixar de faturar a vitimização dos agentes da lei que ocorre quase diariamente no Estado do Rio de Janeiro.
A dor policial militar, que poderia ser a dor policial civil, ou simplesmente a dor policial, a qual me refiro com um "finalmente" para iniciar o texto, é a dor passada a fenômeno social, tamanha sua recorrência: dor desprezada, dor menoscabada, dor não percebida pela indiferença crônica da sociedade em relação às corporações policiais e seus agentes, no que lhes atinge o corpo físico e o mecanismo psíquico propiciadores de suas existências.
A dor policial militar noticiada, tema de capa da Veja Rio, da semana que se iniciou no dia 21, é um conjunto de desgraças, de imolações, de martírios, de eventos fatais envolvendo centenas de dedicados profissionais que, quase ao desamparo, acabam deixando viúvas, órfãos, irmãos e pais inconsolados com a separação derradeira de seus amados nesta vida que antecede àquela outra, a que nos juntará todos para ser ou para não-ser.
Lamentei que a matéria exibindo o destino de seis famílias atingidas pelo trágico, não tenha sido publicada na parte de veiculação nacional, mas apenas no encarte destinado ao Estado do Rio.
O Brasil precisa saber o que se passa com os policiais cariocas.
Precisa saber que ser policial no Rio de Janeiro é contabilizar muitos amigos mortos ao longo da carreira. É ver crescer a galeria de fotos no saguão dos quartéis, batizada por Patrulha da Saudade, aumentar a cada ano.
O país precisa saber que ser policial aqui é manter uma expectativa sombria de não ver os filhos crescerem, não ver os netos chegarem e de não se alcançar a “reforma” ao término da carreira. É a pura incerteza da vida, pela incerteza de tê-la plenamente vívida e vivida.
O Brasil precisa saber que para o policial do Rio de Janeiro a morte ronda e espreita sem descanso, sem trégua.
A Veja acordou para nosso problema, só que ela é uma revista “reacionária”.
Claro, são os que se intitulam “progressistas” que dizem isso.
É preciso ser "reacionário" no Brasil para se interessar por uma categoria profissional como a PM, ou a PC.
Duvido que a Carta Capital, a Caros Amigos, a Fórum e talvez até a Piauí, publicariam algo assim.
Elas assentam o edifício de suas ilações jornalísticas no toco assegurador das ideologias revolucionárias com fundamento nas lutas de classe.
Por esse prisma, as forças policiais devem ser entendidas como integrantes da superestrutura odiosa que atenta todo tempo contra as bases populares da sociedade, criminalizando-as.
Com silogismo elementar e a partir de tal premissa, mais do que se extrair deduções pode-se fazer induções: os progressistas não se interessam pelos dramas dos policiais e de suas famílias e, seguramente, jamais se interessarão, pelo menos enquanto nosso regime não se transformar numa república socialista, bolivariana ou qualquer coisa similar.
Carta Capital, Caros Amigos, Fórum, Piauí são revistas "progressistas" e a Veja é uma revista "reacionária".
Interessar-se pelos percalços e pelo sofrimento dos familiares dos encarregados de fazer cumprir a lei, é uma atitude reacionária.
Interessar-se pelas dificuldades das mães viúvas, frente à necessidade de alimentar, educar e vestir filhos desamparados, órfãos de policiais, é uma atitude reacionária.
A matéria da Veja não me fez ficar feliz porque não posso ficar feliz em meio a tanta dor dos meus iguais, integrantes da família policial militar. Mas devo admitir que me trouxe certo alívio.
Nem tudo está perdido, esquecido, não estamos tão sós.
Se é verdade que os próceres do Ministério da Justiça ainda não conseguiram vislumbrar o horizonte de gravidade que há duas décadas atravessa o Rio de Janeiro, talvez o que necessitem para apreender o fenômeno de forma mais aguda seja justamente o conhecimento de conteúdos de realidades que exibam o paroxismo dos nossos dias, quando segurança pública se confunde com guerrilhas, trabalho policial se confunde com campanha militar e área de policiamento se confunde com teatro de operações.
Não há conteúdos de realidades mais expressivos que os rostos e as lágrimas dos familiares que perderem seus entes queridos, policiais por profissão, no árduo trabalho de se fazerem policiais comunitários, mediadores de conflitos, parteiros, salva-vidas, pontas de patrulha, psicólogos de ocasião e tantos outros papéis que lhes foram exigidos em vida, sem reconhecimento, sem distinção.
Reafirmo que não acredito, e nem espero, que os “progressistas” da mídia façam algo que contrarie os postulados ideológicos que lhes guiam a consciência e imprimem curso às construções.
A Veja é uma revista “reacionária”.
Ela escreveu suas páginas com as lágrimas de sangue dos familiares de PMs assassinados.
É verdade que como fato diário os meios de comunicação, principalmente os jornais impressos, veiculam eventos que envolvem policiais militares e policiais civis como vítimas.
A espetacularização da violência é uma estratégia segura para atração de leitores, e os jornais não podem deixar de faturar a vitimização dos agentes da lei que ocorre quase diariamente no Estado do Rio de Janeiro.
A dor policial militar, que poderia ser a dor policial civil, ou simplesmente a dor policial, a qual me refiro com um "finalmente" para iniciar o texto, é a dor passada a fenômeno social, tamanha sua recorrência: dor desprezada, dor menoscabada, dor não percebida pela indiferença crônica da sociedade em relação às corporações policiais e seus agentes, no que lhes atinge o corpo físico e o mecanismo psíquico propiciadores de suas existências.
A dor policial militar noticiada, tema de capa da Veja Rio, da semana que se iniciou no dia 21, é um conjunto de desgraças, de imolações, de martírios, de eventos fatais envolvendo centenas de dedicados profissionais que, quase ao desamparo, acabam deixando viúvas, órfãos, irmãos e pais inconsolados com a separação derradeira de seus amados nesta vida que antecede àquela outra, a que nos juntará todos para ser ou para não-ser.
Lamentei que a matéria exibindo o destino de seis famílias atingidas pelo trágico, não tenha sido publicada na parte de veiculação nacional, mas apenas no encarte destinado ao Estado do Rio.
O Brasil precisa saber o que se passa com os policiais cariocas.
Precisa saber que ser policial no Rio de Janeiro é contabilizar muitos amigos mortos ao longo da carreira. É ver crescer a galeria de fotos no saguão dos quartéis, batizada por Patrulha da Saudade, aumentar a cada ano.
O país precisa saber que ser policial aqui é manter uma expectativa sombria de não ver os filhos crescerem, não ver os netos chegarem e de não se alcançar a “reforma” ao término da carreira. É a pura incerteza da vida, pela incerteza de tê-la plenamente vívida e vivida.
O Brasil precisa saber que para o policial do Rio de Janeiro a morte ronda e espreita sem descanso, sem trégua.
A Veja acordou para nosso problema, só que ela é uma revista “reacionária”.
Claro, são os que se intitulam “progressistas” que dizem isso.
É preciso ser "reacionário" no Brasil para se interessar por uma categoria profissional como a PM, ou a PC.
Duvido que a Carta Capital, a Caros Amigos, a Fórum e talvez até a Piauí, publicariam algo assim.
Elas assentam o edifício de suas ilações jornalísticas no toco assegurador das ideologias revolucionárias com fundamento nas lutas de classe.
Por esse prisma, as forças policiais devem ser entendidas como integrantes da superestrutura odiosa que atenta todo tempo contra as bases populares da sociedade, criminalizando-as.
Com silogismo elementar e a partir de tal premissa, mais do que se extrair deduções pode-se fazer induções: os progressistas não se interessam pelos dramas dos policiais e de suas famílias e, seguramente, jamais se interessarão, pelo menos enquanto nosso regime não se transformar numa república socialista, bolivariana ou qualquer coisa similar.
Carta Capital, Caros Amigos, Fórum, Piauí são revistas "progressistas" e a Veja é uma revista "reacionária".
Interessar-se pelos percalços e pelo sofrimento dos familiares dos encarregados de fazer cumprir a lei, é uma atitude reacionária.
Interessar-se pelas dificuldades das mães viúvas, frente à necessidade de alimentar, educar e vestir filhos desamparados, órfãos de policiais, é uma atitude reacionária.
A matéria da Veja não me fez ficar feliz porque não posso ficar feliz em meio a tanta dor dos meus iguais, integrantes da família policial militar. Mas devo admitir que me trouxe certo alívio.
Nem tudo está perdido, esquecido, não estamos tão sós.
Se é verdade que os próceres do Ministério da Justiça ainda não conseguiram vislumbrar o horizonte de gravidade que há duas décadas atravessa o Rio de Janeiro, talvez o que necessitem para apreender o fenômeno de forma mais aguda seja justamente o conhecimento de conteúdos de realidades que exibam o paroxismo dos nossos dias, quando segurança pública se confunde com guerrilhas, trabalho policial se confunde com campanha militar e área de policiamento se confunde com teatro de operações.
Não há conteúdos de realidades mais expressivos que os rostos e as lágrimas dos familiares que perderem seus entes queridos, policiais por profissão, no árduo trabalho de se fazerem policiais comunitários, mediadores de conflitos, parteiros, salva-vidas, pontas de patrulha, psicólogos de ocasião e tantos outros papéis que lhes foram exigidos em vida, sem reconhecimento, sem distinção.
Reafirmo que não acredito, e nem espero, que os “progressistas” da mídia façam algo que contrarie os postulados ideológicos que lhes guiam a consciência e imprimem curso às construções.
A Veja é uma revista “reacionária”.
Ela escreveu suas páginas com as lágrimas de sangue dos familiares de PMs assassinados.
Ela está dizendo que eles, nossos mortos e nossos vivos, são dignos de respeito.