Eu já havia lido o artigo indicado pelo comentarista do meu blog.
Fiquei pensando, desde o início, se deveria escrever sobre o escrito.
Estão lá, na Academia D. João VI, postas numa parede para serem vistas todos os dias pelos futuros oficias da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, como síntese dos valores primários exigíveis para o exercício de suas funções na carreira: Idealismo e Destemor.
É verdade que o jornalista Marcos Rolim, gaúcho, como pude comprovar na sua página na internet, não estava efetivamente referindo-se à PMERJ na crítica explícita aos valores que ele refuta como fundamentais, inerentes ou imprescindíveis à profissão PM. Ele falava à Brigada Militar de seu estado.
Aliás, ele nem critica ambos valores, esses perseguidos espiritualmente na escola de formação de oficiais da PM carioca, mas apenas um, expondo-o, implicitamente, como habilidade psicossomática.
O outro valor que ele refuta, essência das organizações hierárquicas é a obediência.
Não, não adianta vocês tentarem extrair o carnegão ideológico do texto do jornalista sem conhecerem melhor o toco teórico onde ele equilibra seu discurso anticoragem, anti-resignação e antidisciplina nos PMs, para exercício profissional.
O jornalista e político Marcos Rolim não deixa assim evidente suas intenções proselitistas, aquelas que vão diluídas na sua investida contra o ser-coragem e o ser-disciplina dos profissionais da área onde ele se nomeia “consultor”.
Para enxergar bem isso é preciso ver para qual azimute intencional ele segue, e quais as coordenadas axiológicas que guarda como ponto de estacionamento intelectual e moral, norteadores de sua fé-fundamento.
Alguma coisa eu encontrei na sua página: ele é um militante dos diretos humanos.
Só isso?
Não. É jornalista, sociólogo, escritor (A Síndrome da Rainha Vermelha: policiamento e segurança pública no século XXI” (Zahar, 2006). É autor, ainda, de “A Imitação da Política” (Editora Tchê), “Teses para uma Esquerda Humanista” (Editora Sulina) e “Desarmamento, evidências científicas” (Editoras DaCasa/ Palmarinca), militante político, ex-parlamentar, colunista, consultor, professor, colaborador, organizador de caravana etc.
Por que então eu tratei de expô-lo com essas credenciais – defensor de direitos humanos – se isso nos parece tão humano?
Simples: porque há algo que só se infere da leitura casada do seu artigo com os ingredientes de sua página; o jornalista está exibindo um credo. Ele acredita que a polícia é uma superestrutura que age contra a base trabalhadora da população, criminalizando a pobreza.
De onde tirei isso?
De sua militância na Anistia Internacional.
Anistia Internacional, lembram? Aquela ong que passa todo tempo tentando provar que a PM faz parte da superestrutura ideológica que serve à burguesia oprimindo os pobres, blá, blá, blá...
Marcos Rolim faz isso: proselitismo-ideológico com ares insuspeitos de jornalismo-ciência.
Inteligentemente, ao invés de rezar uma ladainha ele conta uma parábola.
Verdadeira?
Talvez.
Talvez verdadeira a sua parábola e simulacro a sua intenção.
Acompanhem sua história no Repórter de Crime.
O professor tem um aluno num curso de segurança pública (nos dias de hoje pululam cursos de segurança pública onde não-profissionais de segurança pública ensinam segurança pública, formando especialistas em segurança pública que se tornarão consultores de ongs de segurança pública); esse aluno tem um “familiar” que queria ser da PM gaúcha. O rapaz, segundo o relato, teria abandonado o curso de formação de soldados diante de um abuso de um oficial, o qual teria tentado constrangê-lo à humilhante tarefa de limpar um banheiro intencionalmente sujo, com excremento eqüino, logo após a estafante tarefa de limpá-lo com outros companheiros.
É sobre essa, sei lá, metáfora, ou acontecimento real, que o professor organiza e ministra sua aula sobre ética, moral, direitos humanos, formação policial, perfil profissiográfico, ethos cultural, critérios de ingresso e inventário pessoal, os ingredientes de um caldo que, em meio ao sangue, deve fluir injetado nas veias de um policial por aqueles detêm o monopólio da seringa de agulha imantada que aponta o caminho da verdade.
Para o jornalista, aquele valor que nos acompanha espiritualmente e nos impele a enfrentar o fogo das metralhadoras antiaéreas dos traficantes, como a que foi apreendida na Mangueira nesta semana com outros fuzis e granadas defensivas; aquele valor que assegura o não abandono de uma carreira que vitima um profissional por semana; aquele valor que move homens e mulheres a não se aconselharem com os receios diante do perigo real, palpável, odorizado, pressentido, deve ser desprezado com os outros que ele, Rolim, julga inservíveis. Segundo o militante, nenhum desses valores assegura a excelência na função.
Eu poderia dizê-lo não legítimo para falar de excelência policial, se colocando num lugar de conhecimento que não lhe pertence, mas não vou fazer isso.
Um usuário tem direito a análise e crítica do serviço que recebe, como um torcedor tem direito a um pitaco sobre os objetos de sua paixão esportiva. É por isso que qualquer um pode opinar sobre a melhor manobra para Filipe Massa, ou melhor lado do pé para Kaká chutar: sem ser levado a sério, claro!
Mas, quero dizer que o especialista em segurança com fundamento nas lutas de classes como motor da violência policial, segundo seu currículo, está errado em querer hierarquizar esses valores que devem residir num policial.
Rolim não sabe, mas convém que tenhamos todas as capacidades e valores que ele anuncia e mais os que ele despreza.
Devemos tê-los e cultivá-los potencialmente, para transformá-los em ato quando necessários e convenientes, em graus adequados e oportunos.
Verdadeiramente, sou meio cético que Rolim compreenda isso.
Diferentemente do professor de criminologia George L. Kirkham, que resolveu enfrentar as dificuldades do mundo prático arriscando sua pele como tira na Flórida para provar suas teses, ele, Rolim, nunca foi e nem será policial, e não pode avaliar um objeto que não revolve, como não pode sentir o calor da luz que vê, mas não experimenta tocar.
Rolim não está de todo errado quando enumera aqueles valores como os que um policial deve ter.
Ele erra na axiologia que usa por argumento, para classificar e desclassificar valores.
Ele é incapaz de compreender que talvez a limpeza do cocô de cavalo fosse uma lição até tímida de paciência, resignação e capacidade de superação frente ao Himalaia de bostas que temos que suportar na carreira, que vai do salário titica que recebemos para encarar a morte, aos discursos vazios de experiências que escutamos dos nefelibatas que tentam ensinar pai-de-santo a dar a benção.
Vou dizer uma coisa para o professor.
Aliás, vou dar a ele um rol de valores para acrescentar aos seus. São os que perseguimos no BOPE:
Agressividade Controlada, Controle Emocional, Disciplina Consciente, Espírito de Corpo, Honestidade, Iniciativa, Flexibilidade, Lealdade, Liderança, Perseverança e Versatilidade.
E coloca aí também:
Onisciência, Onipotência e Onipresença.
Ah, e o dom da ubiqüidade!
Fiquei pensando, desde o início, se deveria escrever sobre o escrito.
Estão lá, na Academia D. João VI, postas numa parede para serem vistas todos os dias pelos futuros oficias da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, como síntese dos valores primários exigíveis para o exercício de suas funções na carreira: Idealismo e Destemor.
É verdade que o jornalista Marcos Rolim, gaúcho, como pude comprovar na sua página na internet, não estava efetivamente referindo-se à PMERJ na crítica explícita aos valores que ele refuta como fundamentais, inerentes ou imprescindíveis à profissão PM. Ele falava à Brigada Militar de seu estado.
Aliás, ele nem critica ambos valores, esses perseguidos espiritualmente na escola de formação de oficiais da PM carioca, mas apenas um, expondo-o, implicitamente, como habilidade psicossomática.
O outro valor que ele refuta, essência das organizações hierárquicas é a obediência.
Não, não adianta vocês tentarem extrair o carnegão ideológico do texto do jornalista sem conhecerem melhor o toco teórico onde ele equilibra seu discurso anticoragem, anti-resignação e antidisciplina nos PMs, para exercício profissional.
O jornalista e político Marcos Rolim não deixa assim evidente suas intenções proselitistas, aquelas que vão diluídas na sua investida contra o ser-coragem e o ser-disciplina dos profissionais da área onde ele se nomeia “consultor”.
Para enxergar bem isso é preciso ver para qual azimute intencional ele segue, e quais as coordenadas axiológicas que guarda como ponto de estacionamento intelectual e moral, norteadores de sua fé-fundamento.
Alguma coisa eu encontrei na sua página: ele é um militante dos diretos humanos.
Só isso?
Não. É jornalista, sociólogo, escritor (A Síndrome da Rainha Vermelha: policiamento e segurança pública no século XXI” (Zahar, 2006). É autor, ainda, de “A Imitação da Política” (Editora Tchê), “Teses para uma Esquerda Humanista” (Editora Sulina) e “Desarmamento, evidências científicas” (Editoras DaCasa/ Palmarinca), militante político, ex-parlamentar, colunista, consultor, professor, colaborador, organizador de caravana etc.
Por que então eu tratei de expô-lo com essas credenciais – defensor de direitos humanos – se isso nos parece tão humano?
Simples: porque há algo que só se infere da leitura casada do seu artigo com os ingredientes de sua página; o jornalista está exibindo um credo. Ele acredita que a polícia é uma superestrutura que age contra a base trabalhadora da população, criminalizando a pobreza.
De onde tirei isso?
De sua militância na Anistia Internacional.
Anistia Internacional, lembram? Aquela ong que passa todo tempo tentando provar que a PM faz parte da superestrutura ideológica que serve à burguesia oprimindo os pobres, blá, blá, blá...
Marcos Rolim faz isso: proselitismo-ideológico com ares insuspeitos de jornalismo-ciência.
Inteligentemente, ao invés de rezar uma ladainha ele conta uma parábola.
Verdadeira?
Talvez.
Talvez verdadeira a sua parábola e simulacro a sua intenção.
Acompanhem sua história no Repórter de Crime.
O professor tem um aluno num curso de segurança pública (nos dias de hoje pululam cursos de segurança pública onde não-profissionais de segurança pública ensinam segurança pública, formando especialistas em segurança pública que se tornarão consultores de ongs de segurança pública); esse aluno tem um “familiar” que queria ser da PM gaúcha. O rapaz, segundo o relato, teria abandonado o curso de formação de soldados diante de um abuso de um oficial, o qual teria tentado constrangê-lo à humilhante tarefa de limpar um banheiro intencionalmente sujo, com excremento eqüino, logo após a estafante tarefa de limpá-lo com outros companheiros.
É sobre essa, sei lá, metáfora, ou acontecimento real, que o professor organiza e ministra sua aula sobre ética, moral, direitos humanos, formação policial, perfil profissiográfico, ethos cultural, critérios de ingresso e inventário pessoal, os ingredientes de um caldo que, em meio ao sangue, deve fluir injetado nas veias de um policial por aqueles detêm o monopólio da seringa de agulha imantada que aponta o caminho da verdade.
Para o jornalista, aquele valor que nos acompanha espiritualmente e nos impele a enfrentar o fogo das metralhadoras antiaéreas dos traficantes, como a que foi apreendida na Mangueira nesta semana com outros fuzis e granadas defensivas; aquele valor que assegura o não abandono de uma carreira que vitima um profissional por semana; aquele valor que move homens e mulheres a não se aconselharem com os receios diante do perigo real, palpável, odorizado, pressentido, deve ser desprezado com os outros que ele, Rolim, julga inservíveis. Segundo o militante, nenhum desses valores assegura a excelência na função.
Eu poderia dizê-lo não legítimo para falar de excelência policial, se colocando num lugar de conhecimento que não lhe pertence, mas não vou fazer isso.
Um usuário tem direito a análise e crítica do serviço que recebe, como um torcedor tem direito a um pitaco sobre os objetos de sua paixão esportiva. É por isso que qualquer um pode opinar sobre a melhor manobra para Filipe Massa, ou melhor lado do pé para Kaká chutar: sem ser levado a sério, claro!
Mas, quero dizer que o especialista em segurança com fundamento nas lutas de classes como motor da violência policial, segundo seu currículo, está errado em querer hierarquizar esses valores que devem residir num policial.
Rolim não sabe, mas convém que tenhamos todas as capacidades e valores que ele anuncia e mais os que ele despreza.
Devemos tê-los e cultivá-los potencialmente, para transformá-los em ato quando necessários e convenientes, em graus adequados e oportunos.
Verdadeiramente, sou meio cético que Rolim compreenda isso.
Diferentemente do professor de criminologia George L. Kirkham, que resolveu enfrentar as dificuldades do mundo prático arriscando sua pele como tira na Flórida para provar suas teses, ele, Rolim, nunca foi e nem será policial, e não pode avaliar um objeto que não revolve, como não pode sentir o calor da luz que vê, mas não experimenta tocar.
Rolim não está de todo errado quando enumera aqueles valores como os que um policial deve ter.
Ele erra na axiologia que usa por argumento, para classificar e desclassificar valores.
Ele é incapaz de compreender que talvez a limpeza do cocô de cavalo fosse uma lição até tímida de paciência, resignação e capacidade de superação frente ao Himalaia de bostas que temos que suportar na carreira, que vai do salário titica que recebemos para encarar a morte, aos discursos vazios de experiências que escutamos dos nefelibatas que tentam ensinar pai-de-santo a dar a benção.
Vou dizer uma coisa para o professor.
Aliás, vou dar a ele um rol de valores para acrescentar aos seus. São os que perseguimos no BOPE:
Agressividade Controlada, Controle Emocional, Disciplina Consciente, Espírito de Corpo, Honestidade, Iniciativa, Flexibilidade, Lealdade, Liderança, Perseverança e Versatilidade.
E coloca aí também:
Onisciência, Onipotência e Onipresença.
Ah, e o dom da ubiqüidade!